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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

A máquina caloteira, o estorno e o estorvo

Queridos e queridas,

Que dia interessante! Um pouco porque dias ensolarados são sempre dias interessantes.
E mais um pouco porque dias passados com pessoas queridas ficam muito mais interessantes.
Ontem, por exemplo, o meu começo de tarde foi horroroso. Fiquei mais de uma hora em uma agência bancária porque o dinheiro que eu queria sacar não foi espirrado pela máquina, a caloteira máquina que me espirrou um extrato no qual o dinheiro constava como tendo sido sacado. Fui assaltada dentro do banco pelo próprio caixa automático!!!!!!!!!

Fui imediatamente falar com a atendente, que embora gentil, não compreendeu a extensão do problema. Ela subiu as escadas, depois desceu as escadas, e deu a questão por resolvida: eles vão fazer o estorno na sua conta em até 48 horas. OK? Uma pinóia! Desde quando eu acredito no fio de bigode? Do dito pelo não dito? Que garantia tenho eu, uma reles cliente, de que a máquina bandida vai devolver o meu dinheiro? Quero falar com o gerente, agora!!!!!!

Daí subi as escadas. Rezei toda a missa para o rapaz. Ele, também gentilmente, fez um interrogatório, afinal, poderia eu ter simulado tudo, por exemplo, afinal, o banco precisa ter todas as garantias, e afinal, isso é normal, como ele falou. Daí, surtei. Normal se for na tua conta, com o teu dinheiro, do teu salário. Eu quero o meu dinheiro de volta. Abra a máquina, a fórceps!!

Daqui não saio, daqui ninguém me tira. Ele me garantiu que o estorno seria feito. Acho que ele pensava que essa palavrinha estapafúrdia, es-tor-no, me faria deixar de ser uma cliente estorvo para ele. Eu disse que só sairia dali se ele escrevesse, assinasse e carimbasse tudo o que me disse. Sou desconfiada, neurótica, paranóica, psicótica?

Não, sou vítima de um sistema que falha quando bem entende, que faz o que bem entende, que funciona quando quer, que tem pane quando quer, e a gente, pessoas, que espere o estorno em até 48 horas. Há câmeras, seguranças, portas anti-furto, máquinas automáticas programadas, senhas para atendimento com espera estimada entre 15 e 20 minutos - o que nunca acontece, sempre é quase uma hora - um número de funcionários - pessoas humanas - cada vez em menor número. Tudo isso por causa dessa coisa horrorosa inventada por nós - pessoas humanas - chamada dinheiro. E eu precisava do dinheiro para fazer um pagamento. E eu precisava do meu tempo para trabalhar. E eu saí da agência com um extrato assinado e carimbado pela gerência, com a garantia de que seria feito o estorno. E eu continuei a me sentir um estorvo.

Minha querida amigairmã Valéria me convidou, à noite, para irmos passear. Olhar vitrines, jogar conversa fora, jantar comida chinesa, tomar café. Ela, um dream. Eu, in love. Cheguei em casa com meus filhos e o genrinho aguardando com carinho, cafezinho, chazinho, e, last but not least, uma lasanha e vinho tinto!!! QuebanQuete!!!

E hoje à tarde, minha amigairmã Valéria e eu fomos olhar vitrines, jogar conversa fora, saborear a salada de frutas com sorvete do Mercado.

Cheguei em casa com os pés doloridos de tanto bater perna com salto alto. Mas feliz! Lembrei-me então de um filme muito visto, Thelma & Louise (1991), dirigido por Ridley Scott. Um road movie sobre duas amigas que trocam uma vida monótona por uma viagem de fim-de-semana que vai transformar suas vidas. Em meio a encrencas, descobrem também o sabor da liberdade.
Cada dia que passa eu aprendo a voar mais, e menos rasante. Em bando, no bando das pessoas interessantes, que nos são caras, que nos acolhem, que nos sorriem, que nos fazem ver a vida pelo seu melhor ângulo. Deixamos de ser um estorvo, de nos preocuparmos com estorno, chegamos até a imaginar um mundo em que essa praga de dinheiro talvez não mais exista. E que em vez de máquinas automáticas autofágicas e rapinas, tenhamos momentos divertidos, prazerosos, simples e felizes, como esses, com os meus queridos e com os meus olhos verdes.
Bom fim de semana
!

3 comentários:

  1. Giancarla, boa tarde! Vc escreve tão bem que não pude resistir e elogiá-la pela postagem e seu blog. Minha parte neurótica disse que há apenas um errinho: prazeirosos Não! e sim prazerosos! Me perdoe, fique tranquila, não é um erro crasso, apenas uma falhinha... Até breve! Abs. do J. Luiz

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  2. Querido José Luiz, te agradeço pelo comentário e pela correção. Cochilei!! Valeu!!! Abraço,
    Giancarla

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  3. a noite e a tarde foram ótimas mesmo. Eu amo de paixão Telma e Louise. O post está genial, como sempre.
    Beijo amigairmã

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