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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

sábado, 29 de agosto de 2009

O som do pássaro da meia-noite

Queridos e queridas,

Na sessão de cinema sem pipoca aqui em casa, revi ontem à noite Crepúsculo. O meu genrinho ainda não tinha assistido, e como eu adoro esse filme, ao contrário de meus filhos, resolvemos ver de novo e depois fazer uma roda crítica. Claro que o genrinho achou "emo", talvez um pouco influenciado pela minha filha (embora ele negue, claro)... Mas eu não mudei de opinião.

Eu me emociono cada vez que revejo essa história. É para adolescentes? Sim e não. Não, porque é uma história de vampiros e é uma história de amor. Uma linguagem estética moderna, diferente, com uma trilha sonora ótima, com uma química ótima entre os protagonistas, com uma releitura da histórica maldição de ser vampiro. Eu adoro desde sempre filmes sobre vampiros - desde criança eu via Drácula, em preto e branco, com atores como Bela Lugosi, Peter Cushing e Christopher Lee em atuações fenomenais. Eu não tinha medo, na verdade me sentia hipnotizada por essas histórias fantásticas. Na verdade, o mais assustador dos vampiros se chama Nosferatu.

Nosferatu (Eine Symphonie des Grauens) foi filmado em 1922, sob a direção de F. W. Murnau. A história é sobre o conde Graf Orlock, um vampiro que tem sede de sangue e de poder, e que espalha terror em Bremen, na Alemanha. Uma refilmagem dirigida por Werner Herzog traz Bruno Ganz interpretando Jonathan Harker, que se confronta com o vampiro interpretado por Klaus Kinski.

Nosferatu nasceu da obra Drácula, de Bram Stoker (1897). Murnau produziu essa belíssima versão para o cinema porque não obteve autorização da viúva de Stoker para filmar a história original. O Conde Drácula é o Conde Orlock, macabro com seu nariz e orelhas grandes, seus dentes afiados, sua figura esquálida e assustadora. É a encarnação do mal, do terror. O mundo das sombras, das trevas, da escuridão. Nosferatu é a metáfora da violência sob todas as suas formas, da guerra, do Holocausto, do nazifascismo, da intolerância política, religiosa, do vampirismo econômico do capitalismo pré-apocalíptico.

Na abertura do filme lemos: "Nosferatu é a palavra que se parece com o som do pássaro da morte da meia-noite".

Por isso, queridas e queridos leitores, ver Crepúsculo hoje significa perceber uma outra forma de relação, que não a do vampirismo que suga, que subtrai, que viola, que molesta, que é do mal e do terror. Crespúsculo, assim como os próximos filmes, Lua Nova e Eclipse, mostram que o conflito entre o bem e o mal, o humano e o não humano, o amor e a sua impossibilidade, são tormentos e momentos em nossas vidas. Não esqueçamos: após o som do pássaro da morte da meia-noite, começa um novo dia. Aurora.
Bom domingo!

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