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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

domingo, 9 de agosto de 2009

Banho de chuva

Queridos e queridas,

A chuva torrencial neste inverno torrencial em Porto Alegre me inquieta. Olho pela janela, e não me atrevo a sair de casa. Escuto música, Radiohead e Lenine. Um café e depois um chá. Outro café e outro chá. Continua chovendo. Thom Yorke e Lenine estão quase afônicos. Então eu ameaço sair, encarar a chuva, fazer alguma coisa que não seja trabalhar.
Mas fazer o que?

Tomar um banho de chuva.

Já fiz isso quando criança, e é algo lúdico, inesquecível. Já sonhei em fazer isso quando jovem, estupidamente romântica, em um encontro amoroso tendo os corpos ardentes molhados pela chuva...

E agora, faria isso para desafiar São Pedro. Insanidade ou ousadia? Talvez as duas coisas. Uns dançam para pedir chuva. Eu pensei em dançar para celebrar a chuva, para transformar um dia de tédio em um dia de graça. Mas daí fiquei sem graça. Lembrei que minha idéia fenomenal já tinha sido usada - e como! - no longínquo ano de 1952. Em uma das cenas mais lindas do cinema, de um dos filmes mais famosos do cinema, um dos grandes clássicos entre os musicais já produzidos em Hollywood. Cantando na chuva.

O filme, indicado ao Oscar, é protagonizado por Gene Kelly, Donald O'Connor e Debbie Reynolds, sob a direção do próprio Gene Kelly e Stanley Donen. Na história, o cinema falado passa a substituir o cinema mudo, e os artistas precisam se adaptar a essas transformações. Algumas curiosidades desta produção referem-se ao roteiro, feito após as canções que compõem o filme terem sido definidas, e à sequência de gravação da épica cena de Gene Kelly cantando e dançando na chuva, chuva esta composta por água e leite, e totalmente gravada em estúdio.

Uns adoram musicais, outros detestam. Há ainda os indiferentes. Mas Cantando na Chuva agrada a gregos e troianos. Quem ousa desdenhar da eternidade do momento desta dança? Gene Kelly estava em transe. Alegre, ele canta, e dança, e canta, e dança. E seu canto e sua dança formam um grande sorriso, um sorriso que brota de todo o seu rosto, de todo o seu corpo.

Olho pela janela para a chuva torrencial, e fico a imaginar que na casa vizinha Gene Kelly acaba de se despedir de sua amada, com um beeeeeiiiiijjjoooo. A porta se fecha, e ele parte, cantando, dançando, agradecendo aos deuses pela eternidade do momento ao qual só se atribui um único nome, o mesmo em todas as línguas, religiões e culturas: felicidade.

As gotas de felicidade caem, torrencialmente. Ele as recebe com os pés nas poças d'água, ele as sente no rosto, ele as sente sob suas roupas. Gotas, torrenciais, de felicidade.
Adivinhem o que Thom Yorke, Lenine e eu queremos fazer agora?
Boa semana!

Singing in the rain (Gene Kelly)

I'm singing in the rainJust singin' in the rainWhat a glorious feelingI'm happy againI'm laughing at cloudsSo dark up aboveThe sun's in my heartAnd I'm ready for loveLet the stormy clouds chaseEveryone from the placeCome on with the rainI have a smile on my faceI walk down the laneWith a happy refrainJust Singin', singin' in the rainDancing in the rainI'm happy againI'm singin' and dancin' in the rainI'm dancin' and singin' in the rain

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