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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Noites brancas e noites escuras

Queridos e queridas,

São tantos os filmes que falam sobre os amantes, sobre o amor e o desamor. Parece até que se surgir um novo filme sobre esse tema, será o mesmo que chover no molhado, falar sobre tudo o que já foi dito, fazer uma reprise, um remake de clichês sobre um dos temas caros demais e praticados de menos: amar e ser amado. Essa correspondência sensual, sexual e apaixonada que caracteriza o encontro de dois amantes.

Pois o filme que estréia no Brasil nesta sexta-feira, tem o nome de Amantes. Two lovers, de 2008, é escrito e dirigido por James Gray, e embora seja um drama romântico de ficção, certamente retrata a melancolia, os medos e as angústias que cercam as pessoas quando se vêem em situações que não conseguem lidar, como estar apaixonado por uma pessoa que está apaixonada por outra pessoa que por sua vez está também apaixonada... por quem?

É possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo? É possível romper com uma relação que transmite segurança, fortaleza, porto seguro, para entrar em uma relação de impulso, luz, desafio? Deixar uma família? Formar outra família? É verdadeiro amar alguém e se interessar por outro alguém? O que é amar de verdade? O que significa amar suficientemente alguém? O que você faria por alguém por amor?

Neste filme, Sandra (Vinessa Shaw) ama Leonard (Joaquin Phoenix) , que ama Michelle (Gwyneth Paltrow), que ama Ronald, que não deixa Sandra para ficar com Michelle. Leonard é bipolar, deprimido, suicida. Michelle simboliza a liberdade, a sincronicidade, a afinidade (até porque por trás de sua luminosidade esconde-se uma mulher atormentada e autodestrutiva) . Sandra representa a segurança, a lealdade familiar, a estabilidade econômica, e o status social.

Esse conflito interior do protagonista me faz lembrar do genial escritor Dostoievski, que em 1848 escreveu a novela Noites Brancas. Nas noites de verão de São Petersburgo, o sol quase não se põe. Nesse cenário, um romance arrebatador - assim como a prosa de Dostoievski - acontece entre "o sonhador" e Nastenka, a personagem romântica. Alimentam sua vida de sonhos, e relutam em enfrentar a vida concreta. São tomados de um romantismo idealista, de fantasias, de sentimentos que se sobrepõem à lógica. São enamorados.

Assim como essa obra de Dostoievski inspirou o filme Um rosto da noite (1957) de Luchino Visconti, chega agora o filme Two lovers, com a trama envolvendo, muito mais do que um triângulo amoroso, uma rede de laços e de nós que transformam as noites brancas em noites escuras, pois não seria esse o preço a pagar por amar, de verdade, alguém?
Boa noite!

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