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quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Para além da sala de aula

Queridos e queridas,

Anotem bem o dia de hoje: 12 de agosto de 2009. Porque foi nesse dia que aconteceu a primeira reunião sobre um projeto completamente novo, pioneiro, inédito no Rio Grande do Sul e, por que não?, no Brasil. Falo do Projeto Itinerante de Capacitação para Defensores e Defensoras em Direitos Humanos do Rio Grande do Sul.

Esta iniciativa é da Liga dos Direitos Humanos, a qual coordeno desde sua criação, em 2007. O projeto foi inscrito juntamente com mais 700 de todas as regiões do Brasil, e foi selecionado pelo Fundo Brasil de Direitos Humanos. De hoje até junho de 2010, estamos nós, parceiros da Liga dos Direitos Humanos, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do RS, do Comitê de Educação em Direitos Humanos do RS, do Conselho de Rádios Comunitárias do RS, da Faculdade de Educação da UFRGS, do Instituto Recriar, e de vários outros parceiros e apoiadores desta iniciativa, a construir uma programação que tem como objetivo principal, simplesmente, esse: dar a voz aos excluídos.

Registrar suas demandas, verificar in loco as principais violações que são cometidas contra os direitos humanos fundamentais, as discriminações, a violência urbana e institucional. Precisamos realmente e urgentemente unir nossas trajetórias e vivências como defensores de direitos humanos, em uma práxis pedagógica, da criação de uma cultura de promoção e difusão dos direitos humanos no solo gaúcho, de modo a orientar as comunidades em situação de vulnerabilidade social a lutar por seus direitos, mediante a efetivação de políticas públicas, mediante o reconhecimento da titularidade de direitos civis e sociais.

A liga a que nos referimos é essa união de pessoas, cada um colaborando na sua área de atuação: são educadores, artistas, jornalistas, advogados, promotores, procuradores, assistentes sociais, cineastas, acadêmicos, especialistas em direitos humanos.
São pessoas que sabem que precisamos fazer alguma coisa, além de tudo o que já fazemos. Não delegar a responsabilidade a outrem, mas ao que podemos, e sempre podemos, fazer pelo próximo.

Como no filme Escritores da Liberdade (2007). Baseado no livro O Diário dos Escritores da Liberdade, o filme dirigido por Richard LaGravenese apresenta a história da professora Erin Grunwell (na visceral interpretação de Hilary Swank). Ela vai dar aula em uma escola marcada pela violência e discriminação racial, em uma escola que praticamente desistiu de educar, de encarar a realidade e mudar a situação. A professora Erin não se intimida. Dedica seus dias, sua vida, à causa dos jovens tidos como indomáveis, insuportáveis, irrecuperáveis. A educadora sabe que a sala de aula pode e deve fazer a diferença na vida de todos que nela entram. Ao dar a voz aos indomáveis, aos irrecuperáveis, aos insuportáveis, Erin descobre a força de sua própria voz, aquela que não cala diante do sistema opressor, do sistema corrupto, do sistema.

As vozes interiores brotam, e com elas, a descoberta do poder de lutar e de melhorar a vida no gueto, na vila, na rua, na cidade, no mundo.
Como o professor Luiz Carlos Bombassaro falou, hoje, na reunião: a necessidade de ir para além da sala de aula. Eis aqui o caminho itinerante. Para que, indo além da sala de aula, possamos entrar no âmago dela, redescobri-la como um espaço fundamental na construção de uma cultura de direitos humanos. E todos, absolutamente todos, estão convidados a fazer parte desse caminho.
Bom dia!

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