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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ninho vazio e pássaros voando

Queridos e queridas,

Imaginem um plano aberto: estão em uma casa perfeitamente arrumada. Cada objeto em seu devido lugar. Quem fala é o silêncio. A casa tem várias peças, parece ser grande demais para gente de menos. Há fotos, muitas fotos, emolduradas em porta-retratos de vários tamanhos, cores e modelos. Agora, em um plano próximo: há pessoas nessas fotos, de várias idades, um bebê no colo de uma jovem sorridente, uma menina loira e linda olhando para cima, bem para o alto, deve contemplar seu pai como se ele fosse um super-herói. Um menino adolescendo está quase fora do quadro, ele sempre foi assim, desde bebê, mas o fotógrafo foi rápido no gatilho e conseguiu um raro click da família reunida.
Certamente já conhecem a história da síndrome do ninho vazio.
Vão os filhos, ficam as fotos. Filhos nascem, crescem, e ficam adultos. Nós, os pais, não percebemos que o tempo passa tão rápido. Estamos tão ocupados em cuidar deles, desde amamentar, trocar fraldas, levar à creche, à escola, à aula de natação, às festas e a espiá-los nas esquinas quando eles começam a se envergonhar de nossa vigília, que quando percebemos o dia da formatura chegou, o namoro ficou sério, o primeiro estágio, o primeiro emprego, as primeiras experiências fora do útero materno.
Dói mais que dor de parto.

A vida é movimento, digo e repito. Não perdemos nossos filhos, mas eles são como partes de nosso corpo e de nossa alma. Onde estamos, eles estão conosco. O ninho se esvazia e é muito bom que seja assim, criarmos filhos independentes, com auto-estima, com bom caráter, com espírito de luta para enfrentar o dia-a-dia e com idealismo para se encantar e reencantar com um mundo real e desleal. Pássaros voando. Projetamos em nossos filhos os nossos melhores sonhos, transferimos para eles nossos melhores desejos, e às vezes somos tomados por um sentimento tão forte que pode até nocauteá-los, tamanhas são nossas expectativas de que tudo com eles seja melhor, que o mundo que os recebe seja um mundo melhor.

No filme O Ninho Vazio, do argentino Daniel Burman (2008), um casal de meia idade passa a enfrentar uma nova etapa na vida em comum quando os filhos saem de casa. Cada um dá um rumo à sua vida, sem saber exatamente como lidar com essa nova forma de viver. Este drama mostra que casamentos não sobrevivem porque há filhos. Casamentos devem se manter quando há amor, lealdade, afinidades. Os filhos não suportam o peso de serem pretexto para os problemas dos pais adolescentes. Filhos querem seus pais unidos, mas unidos e felizes. Quando a felicidade passa longe do casal, os filhos sentem e sofrem diretamente esse peso da infelicidade conjugal. Há ninhos vazios povoados de gente.

Quando meu filho mais velho resolveu ir morar com colegas, meu coração apertou. De tristeza e de alegria. Tristeza, porque meu filho estava saindo de casa, de novo saindo de meu útero. De alegria, pelo orgulho de saber que eu estava sendo a mãe que eu queria ser. Ter um filho independente, cheio de iniciativas, objetivos, projetos. Hoje ele me telefonou pela manhã. Fui acordada com a notícia de que ele está concluindo o curso de Administração de Empresas. Ele é estagiário de uma grande rede de lojas, e trabalha com o afinco como se fosse o presidente. Esse é o meu filho, meu grande orgulho. Olho a foto, um close. Nunca senti o ninho tão cheio como hoje. Te amo, meu filho Bruno.
beijos!

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