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sexta-feira, 31 de julho de 2009

Há vida depois do rock?

Queridos e queridas,

Um documentário sobre Kurt Cobain acaba de estrear no Rio de Janeiro e em São Paulo. O filme foi dirigido por A. J. Schnak, e realizado a partir das entrevistas do roqueiro a Michael Azerrad, autor do livro A História do Nirvana. Estas entrevistas foram feitas há cerca de um ano antes do ícone do rock grunge morrer. O documentário tem um nome tão lindo quanto inusitado: Kurt Cobain - retrato de uma ausência. Pelo título compreende-se imediatamente uma metáfora sobre a morte do cantor. Mas também refere-se aos problemas que o diretor teve, por não contar com um arquivo de imagens com shows e outros registros sobre a vida pessoal de Cobain.

O que poderia ter inviabilizado a realização deste documentário, terminou se transformado em seu maior diferencial: o filme mostra Cobain absolutamente à vontade, espontâneo, falando sobre temas de sua vida pessoal, sua infância conturbada desde o divórcio de seus pais, a relação tão apaixonada quanto tumultuada com Courtney Love, e temas mais pesados e difíceis de falar ainda, como o fato de ele ter transtorno bipolar, usado drogas, e seus pensamentos suicidas - os quais viriam a consumar-se, em abril de 1994. Em 1979 seu tio-avô suicidou-se com um tiro no estômago. Em 1982, Kurt fez um curta metragem chamado Kurt commits bloody suicide. Em 1984, outro tio-avô também se matou.

O diretor Schnack resolveu criativamente a falta de imagens, ou mais provavelmente, do direito ao uso de imgens de shows e do acervo familiar do músico. No documentário, sempre que Cobain fala sobre algum aspecto marcante de sua vida, aparecem imagens das cidades, várias, onde ele morou, pernoitou, por onde passou, com suas respectivas paisagens e moradores. Essa ausência de Kurt está presente nas imagens do filme. Este documentário é um grande achado para se conhecer mais intimamente o pensamento e os sentimentos de um jovem lindo, deprimido, criador de composições geniais, criador de músicas inesquecíveis e de um gênero no rock que continua firme até hoje, o grunge, o rock alternativo. Rock que é mais do que música, é expressão do pulsar da vida, do rebelar-se, do expressar-se, da liberdade.

Kurt tinha o rock nas veias. É dele a frase "quando o rock morrer o mundo vai acabar". Porque no rock o líder do Nirvana depositou toda a sua força criadora, a sua rebeldia, os seus traumas de infância, a sua desesperança, seus medos, sua força tão grande quanto frágil. Era um artista, atormentado por não saber lidar com sua vida, tão cheia de janelas que se abrem e se fecham, de portas que se abrem e se fecham. O que não impediu que, mesmo depois de passados 15 anos de seus suicídio, ainda repercuta lastimavelmente a ausência do maior ídolo do rock nos anos 90, e que até hoje tem uma legião de seguidores, entre os quais, eu.
Bom fim de semana!

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