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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

quinta-feira, 30 de julho de 2009

15 passos e um corte

Queridos e queridas,

Por que, depois da atração, a retração? Por que, depois da paixão, a melancolia? Por que, depois da descoberta do amor correspondido, a separação?
Porque estes são alguns dos elementos centrais de um roteiro sobre uma história de amor.
Os melhores romances de todos os tempos, como Casablanca e E o vento levou, assim são considerados graças a um conjunto de fatores técnicos, mas sobretudo porque uma ótima história tem tudo para resultar em um ótimo filme.

Muitas vezes essas histórias começam nos livros. Um exemplo para mim marcante é a obra A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera. O livro, publicado em 1984, foi adaptado para o cinema pelo diretor Philip Kaufman, em 1988. A história gira em torno do amor e do desamor, das formas diversas de amar uma mesma pessoa, ou das formas diversas de amar pessoas diferentes, ou se é possível amar dessas formas diversas, ou ainda, se é possível realmente amar. A leveza e o peso existem na mesma medida, a presença de um é a ausência de outro, o amor e o desamor, o encontro e o desencontro, o amor ideal e o amor real.

Com tão forte teor filosófico e psicológico, impecavelmente escrito por Milan Kundera, resta o hercúleo desafio para transpor uma história com essa complexidade para o cinema.
Teria o filme causado o mesmo impacto?
O filme foi indicado ao Oscar como melhor roteiro adaptado, o que indica que sim.

Eu não abro mão de ler o livro que dá origem a um filme. Considero um dos maiores desafios para um roteirista adaptar uma obra literária para o cinema. O filósofo Jean-Paul Sartre, a quem admiro por tudo o que escreveu, roteirizou a biografia de Sigmund Freud para dar à luz ao filme Freud, além da alma. Dirigido por John Huston, em 1962, o filme, apesar de correto, é acadêmico. Sartre não é creditado no roteiro, porque o seu roteiro original era tão imenso quanto uma tese. Quando o diretor pediu que ele revisse o feito, ele revisou. E acrescentou mais páginas ainda... Já o livro feito por Sartre atravessa nosso imaginário o tempo todo, pela maestria com a qual Sartre escreve e descreve os dramas pessoais vividos pelo pai da Psicanálise.

Agora estou prestes a sugar as páginas dos livros que deram origem ao filme Crepúsculo e as suas continuações, Lua Nova e Eclipse. Desta vez, vi o filme antes de ler a obra. Estou ansiosa para ler. Torço para o livro superar o que vi. Mas gostei tanto deste filme, que torço que o próximo, Lua Nova, previsto para estrear em 20 de novembro, seja tão bom ou melhor do que Crepúsculo. Porque, apesar das controvérsias de opinião (tenho amigos que adoram e outros detestam este filme), eu continuo a afirmar que, mais do que mais um filme sobre vampiros, e independente de toda mídia em torno dele, esta obra prima pela maneira delicada com a qual costura uma história de amor: Por que, depois da atração, a retração? Por que, depois da paixão, a melancolia? Por que, depois da descoberta do amor correspondido, a separação?
Há respostas. Basta olharem esses filmes.
Boa noite!

15 Step (Radiohead - Composição: Thom Yorke) Na trilha do filme Lua Nova
15 Passos
Como pude terminar onde comecei?
Como pude terminar onde errei?
Não tirarei meus olhos da bola novamente. Você me enrola e depois corta o fio.
Como pude terminar onde comecei?Como pude terminar onde errei?
Não tirarei meus olhos da bola novamente.Você me enrola e depois corta o fio.
Você costumava ser legal. O que aconteceu? O gato comeu sua língua? Seu fio desenrolou?
Um por um Um por um Vem para todos nós É tão macia quanto seu travesseiro
Você costumava ser legal O que aconteceu? Etcetera Etcetera
Fatos para o que quer que seja Quinze passos E um corte.

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