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terça-feira, 14 de julho de 2009

Fingir e interpretar

Queridos e queridas,

Hoje eu vi uma fotografia do meu idolatrado ator Christian Bale. A imagem não lembra em nada o misterioso e musculoso Batman; Bale está esquelético, quase irreconhecível. Ele literalmente vestiu seu novo personagem, Dick Eklund, um lutador que se torna viciado em cocaína e crack. O filme , The fighter, é baseado na história real do lutador. Com direção de David Russell, a produção deve estrear em 2011. Não é a primeira vez que Bale faz uma drástica mudança em sua aparência. Em 2004 ele perdeu 27 quilos para fazer o filme O Operário. Assim como Bale, lembro de outros atores que se transformaram radicalmente para realizar papéis inesquecíveis no cinema, como Robert de Niro, Johnny Depp e Tom Hanks.
Eu admiro muito quando um artista se dedica de corpo e alma ao que faz. Quando um artista se transforma em função do personagem, da história, do filme. Há artistas que mudam a cor de cabelo para combinar com a cor do sapato... Outros combinam o vestido com as jóias, e outros fazem charme ao se esconderem em óculos, seitas e declarações estapafúrdias. Não vivem sem a luz dos holofotes, sem os quinze segundos de fama. A questão é definir, afinal, quem é artista de verdade? Não é necessário fazer curso de cinema, sair com diploma embaixo do braço e tal, para ter talento e atuar. Cursos formam, mas não criam artistas. Os cursos e os mestres incentivam, informam, revelam e desvelam, na melhor das hipóteses, o talento que está ali, muitas vezes escondido, latente. Antes de se revelar para o mundo do cinema, o artista revela a si mesmo. Quer dizer, ele sabe que é isso o que ele quer na vida, sabe que é um caminho completamente diferente do que aparenta ser. Cinema não é Hollywood. Cinema é ler, estudar, aprender, interpretar, e produzir, em sons e imagens, com toda a alma e com todo o corpo.
Um dos cineastas mais prestigiados e poderosos no circuito cinematográfico, Francis Ford Coppola, alcançou os picos da fama em 1972, com O Poderoso Chefão, e em 1979, com Apocalypse Now. Coppola começou escrevendo roteiros para peças de teatro. Com o merecido sucesso de seus filmes, veio também o seu afastamento das produções mais autorais e independentes, dando lugar às superproduções a la Hollywood.
Na edição de maio/junho da revista Creative Screenwriting, o cineasta declarou que quanto menor o orçamento, maior a possibilidade de trabalhar nos filmes com as idéias e com a criatividade. Segundo Coppola, o sucesso de seus filmes o levou a sair dos trilhos e se distanciar da espécie de cineasta que queria ser. Ele filmou recentemente na Argentina "Tetro", uma obra que teve um custo estimado de 15 milhões de dólares. O filme está em exibição em apenas uma sala em Nova York, e com uma bilheteria que arrecadou desde junho menos de 200 mil dólares. Hoje, ao contrário de quem acha que o diretor está esquecido no reinado dos grandes cineastas, ele afirma estar de novo fazendo o que gosta: ser o cineasta que queria ser.
Respondendo à pergunta que me fiz antes: quem é artista de verdade? É o que não finge, mas, ao estar fazendo o que gosta, é o que queria ser.
Beijos!

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