Quem sou eu

Minha foto
Porto Alegre, RS, Brazil
escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Duas caras

Queridos e queridas,


De todos os filmes feitos para o cinema sobre Batman, os meus preferidos são Batman begins (2005) e Batman, o cavaleiro das trevas (2008), ambos dirigidos por Christopher Nolan, o cineasta que dirigiu outro grande filme, Amnésia (2000). Nolan deve ser um daqueles fãs de Batman desde criancinha, porque ele acerta no que eu considero um dos maiores talentos de um diretor: a sensibilidade. O Batman de Nolan é um herói anti-herói, é um homem do bem atormentado pelos seus próprios maus pensamentos, é um homem que quer a justiça e tem sede de vingança. É sedutor, como a voz e o olhar do ator Christian Bale. É rodeado por vilões à altura de seu protagonismo heróico: O Coringa de Heath Ledger já está imortalizado na galeria das melhores interpretações do cinema. Michael Caine... bem, é sempre Michael Caine, dispensa adjetivos. Onde ele está, está perfeito. Assim como Morgan Freeman, que por mais discreto que pareça estar, é determinante no papel que faz. Gordon - o que seria do personagem Batman sem o Tenente Gordon, ganha na interpretação de Gary Oldman - o melhor Drácula de todos os tempos - um ar noir, a gente até volta a acreditar que a polícia é incorruptível, ética e que faz justiça.


Mas tem um personagem que eu ainda acho que deve ser mais detalhado, foi tão bem interpretado, teve um destaque grande no filme, mas ainda assim ficou ofuscado diante de tanta coisa boa junto num filme só: direção, elenco, roteiro, fotografia, efeitos especiais, e os dilemas psicanalíticos na luta do bem e do mal terminaram por ficar polarizadas entre Batman e o Coringa.
Eu falo do Duas Caras.
O promotor Harvey Kent combate o crime organizado, com base na lei, na ética, na busca pela justiça. Ele simboliza a possibilidade de uma cidade segura, feita por pessoas que agem como ele, ele é uma referência, um exemplo. Ele é admirado por ter coragem, inteligência, bravura. Incorruptível, inegociável, implacável. Mas ele é humano. Um homem apaixonado, inseguro, ressentido por saber que não é amado pela mulher que ama. O ator Aaron Eckhart veste duas caras. Primeiro é o homem da justiça. Depois, quer vingança. Uma cara de Harvey Kent queria ser Batman. A outra queria ser ele mesmo. Uma cara queria ser um herói. A outra cara queria ser o que é. O filme Batman, o cavaleiro das trevas mostra a luz e a treva, o herói e sua sombra, o sorriso e a gargalhada insana; mostra que nem sempre ao sermos justos seremos reconhecidos, e que apesar de sermos capazes de gestos heróicos, ainda assim seremos humanos e por isso passíveis de erros. Tentar salvar e não conseguir, tentar ser feliz e não conseguir, tentar ficar com quem gosta e não ser correspondido.
As duas caras do filme lhe renderam dois Oscars.
Aos espectadores, rende um filme para ser visto muito mais do que por entretenimento.
Batman é, sempre foi, e continuará sendo o meu super-herói. Ele com sua capa, ele com sua máscara, ele com sua sombra. Duas caras. Como nós somos. O que somos, o que desejamos ser. Ou, dizendo de outro modo, o que somos, e o que não queremos ser.
Beijos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário