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Porto Alegre, RS, Brazil
escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

quinta-feira, 11 de junho de 2009

House e o medo de amar

Queridos e queridas,
Vi o último espisódio da quinta temporada de House. Espetacular. Eu gostaria de destacar especialmente o roteiro e a interpretação do protagonista, Hugh Laurie. O roteiro, porque esta série tem aqueles elementos que faltam em 99% das séries de televisão, e em 100% de novelas produzidas aqui no Brasil: o roteiro não subestima a inteligência do telespectador. A história é construída de forma engenhosa, com elementos de dramaticidade com os quais é impossível não se identificar, não reagir.
A história gira em torno de um personagem que é o centro do filme, da série, do Universo e de si mesmo, o doutor Gregory House. O elenco, a produção, o mundo não são os mesmos sem contar com a presença dele, com seus olhares que ora excitam ora fazem a gente chorar. Com suas tiradas sarcásticas, perversas, cruas, arrogantes, imprevisíveis. Com sua inquietude, seu espírito investigativo, seu ceticismo, seu trauma de se relacionar com as pessoas, seu pavor de amar e de ser amado.
House é um dos melhores personagens já construídos e interpretados, e Hugh Laurie, multi-premiado por sua atuação, é um dos melhores atores da atualidade. É um dos poucos que transmitem sentimentos e pensamentos pelo uso da linguagem corporal, da profundidade do olhar, da economia do sorriso, da sisudez que revela um garoto com baixa auto-estima que sofre como um adulto genial que não sabe lidar com isso: a solidão.
Todos admiram e quase todos invejam House, o médico genial. Mas ninguém suporta a sua pessoa, quase ninguém quer ser como ele, que transborda amargura por todos os poros. Ele não usa jaleco, ele se droga para evitar a dor, ele corre de moto com sua perna manca, coleciona bengalas com enfeites de rock, toca piano, guitarra e recomenda aos pacientes que escutem mais Led Zeppelin. O homem ferve por dentro e é uma geleira por fora.

Tudo o que ele precisa, é de um abraço.

Em cinco temporadas, os roteiristas conseguiram fazer House se desvencilhar dos abraços. As suas palavras agridem, os seus olhares afastam. E ele continua a se drogar para aliviar a dor. Um médico que diagnostica e salva vidas, obcecado por decifrar enigmas, perguntas, hipóteses, por se meter e dar palpites na vida de todo mundo. E que não consegue se olhar por mais de dois segundos em seu próprio espelho. Não consegue prescrever uma receita para si mesmo que não seja Vicodin. Criador da frase "Everybody lies", House fala para sua equipe, seus pacientes, seus espectadores e para si mesmo, que mentimos porque a verdade dói.
Todos temos um pouco de House em nós. Por isso muitos não gostam dele, e pelo mesmo motivo muitos se fascinam por ele. Porque muitas vezes sorrimos quando estamos a chorar por dentro; dizemos adeus quando queríamos dizer eu te amo; viramos às costas porque não sabemos lidar de frente.
Aguardo desde já o começo da próxima temporada. E sobre isso, a vida do personagem House tem uma grande vantagem, já que nós não vivemos nossos problemas e dilemas por temporadas. Somos autores e protagonistas de nossas vidas. E tudo o que queremos, para nós e para House, é que em uma próxima temporada, o final seja feliz.

Sejam felizes!

2 comentários:

  1. Gian: não comento nada nunca, mas sempre acompanho as tuas mensagens, que são muuuito legais. Diante da tua habilidade e criatividade literária, me recolho à minha insignificância, aprendendo, conhecendo e apreciando um mundo de emoções and so on. Bem como as tuas palavras do início deste blog. Um pouco de tudo... Quem sabe se, quando crescer, eu não fique assim, meio parecida com tu? Hehehehehehe! Beijos e continua, minha amiga teimosa ( por vários motivos )

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  2. E viva House!!!! O seriado é fora de série!!! Ahahaha, trocadilho infame, ok!!! De qualquer forma, tudo nele é peculiar... A construção do enredo, as personagens, as analogias que são feitas... Tudo é muito bem construído, e prende o telespectador...

    Quero mais House! E menos novela na TV!

    Eitchaaaaaa!!!!

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