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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

terça-feira, 9 de junho de 2009

Plano B

Queridos e queridas,

Pensem em uma existência normalzinha, sem altos e baixos, vivendo no anonimato, em um círculo pequeno de familiares, amigos, conhecidos. Uma vida com baixo orçamento, sem grandes ambições, sem muitas perspectivas, mas também com risco quase zero. Não cresce, nem encolhe. Não vai pra frente, mas também não vem pra trás. Empaca em uma mesmice modorrenta, que já está me cansando só de escrever, imagine então para quem estiver vivendo nestas condições.

Agora, imagina uma outra alternativa. Eu chamo isso de Plano B. Ousar, arriscar, é coisa para uns, não para todos. Na vida e no cinema. Quem segue mais ou menos um mesmo esquema, uma fórmula, uma linha, nunca chegará a ser grande coisa, mas também não será rotulado como a pior pessoa de todas as épocas, ou o pior cineasta de todos os tempos.

Pois o cineasta norte-americano Ed Wood foi. Foi o que? Ousado. Inventivo. Original. Foi ele mesmo. Foi o pior. Resolveu fazer cinema tosco, fazer com o que tinha em mãos e na mente, com improvisações, com parcos recursos de orçamento e de técnica, mas nada foi motivo para impedi-lo de filmar. Hoje é cult, outrora era trash. Trash é cult? O que é trash? Se não ser famoso, reconhecido, não utilizar de super efeitos, ou não arrecadar grandes bilheterias e arrastar um grande público é ser trash, então... Ed Wood foi. Original, criou personagens estranhos, trabalhou com atores fantásticos, como Bela Lugosi, e trouxe para as telas vampiros, monstros, alienígenas e mortos-vivos. Humor peculiar, edwoodiano.

O desafio dos cineastas hoje é fazerem com competência o que Ed Wood fez há muito tempo atrás: ser inventivo, original, e trabalhar com minguados ou quase nenhum recurso orçamentário, com as equipes, os equipamentos e as tecnologias disponíveis, com sabedoria e criatividade para reaproveitamento de materiais. Se os cineastas, contudo, tiverem pretensões hollywoodianas, o caminho não é este. Não mesmo. Daí os filmes precisam: agradar o grande público, penetrar os grandes circuitos, e serem aceitos pelos grandes produtores, que têm cifras no lugar de olhos.

O pior filme de todos os tempos chama-se Plan 9 From Outer Space. Os alienígenas trazem os mortos para dominar os vivos, para impedir a destruição do sistema solar pela bomba solobonite. Segundo a cabeça doida de Ed Wood e dos extraterrestres, o homem desenvolveria essa bomba em um futuro próximo, e dessa forma ameaçaria a vida em todos os planetas. Os críticos de Ed Wood não sabiam que haveria um Onze de Setembro, e que George W. Bush governaria os EUA.

A merecida homenagem ao cineasta e ao cinema foi feita por Tim Burton e por Johnny Depp, em Ed Wood, o filme (1994). Para quem gosta de cinema, e acredita que é possível fazer a sétima arte apesar de Hollywood, e para quem não quer viver aquela vidinha modorrenta, existe o Plano B.


Fiquem bem!

Um comentário:

  1. Hahaha, Ed Wood foi F-A-N-T-Á-S-T-I-C-O!!! Com quase nada de $$$$$$, ele fez o que muita gente sequer consegue fazer nos dias de hoje. Mesmo com todos os recursos, sejam eles financeiros ou técnicos. Aliás, penso que não adianta ter dinheiro ou recursos se não se tem boas ideias. Ed Wood foi à frente do tempo dele, e só por isso já merece respeito. Muito respeito!

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