Quem sou eu

Minha foto
Porto Alegre, RS, Brazil
escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Filosofar e pensar

Queridos e queridas,

Eu estava pensando sobre como terminaria uma nova história, um novo roteiro. Eu simplesmente adoro isso. Fiquei o final de semana imaginando várias possibilidades. Cheguei a três finais. Um romântico, um cômico, um lúdico. Dei um nó em mim mesma. Não sabia qual escolher. Eu gosto do que crio, eu me envolvo de tal forma que cada personagem se impõe diante de mim, argumenta a favor de sua permanência na cena. Não é fácil para mim dizer "Você está demitido!", ou "Foi tudo bem, qualquer coisa eu te ligo!". Eu não digo nada. Procuro uma nova idéia. E ela vem. Ilumino meu olhar para meus parceiros, e eles ficam com a certeza de que estaremos juntos de novo em algum novo roteiro, um novo projeto. Eles surgem a toda hora, é uma overdose de possibilidades que meus dois olhos, abertos ou fechados, estão a monitorar. Minha querida amiga Kundry tem uma frase para isso, que não é dela, mas de um colega com quem ela trabalhou: "Minha cabeça está muito cheia de pensamentos". É o meu caso.

Lembro-me de um professor que tive no curso de filosofia, Irmão Pergentino Pivatto, que eu admirava pela inteligência e pela serenidade. Em uma de suas aulas, o tema era sobre a in-utilidade da filosofia e do filosofar. Naquela tarde eu tive certeza de que eu estava no curso certo. De uma vida errante, onde só importa o que é útil aos olhos do mercado, do consumo, do jogo-de-cintura-que-temos-que-ter-em-todas-as-relações. Eu não tenho. Sofri e continuo sofrendo demais com isso. Filosofar, como muito bem filosofou Roberto Gomes, é enxergar um palmo diante do nariz. Parece simples? Acham, por acaso, que os filósofos são uns lunáticos, inúteis?

Se fosse assim, nos Anos de Chumbo não teriam tentado terminar com as "cabeças pensantes": estudantes, professores, intelectuais, líderes e defensores dos direitos humanos foram sumariamente taxados de comunistas, perseguidos, e muitos foram torturados e desaparecidos, alguns foram suicidados, como a história nos mostra.

Estou falando apenas do que ocorreu em um passado não muito distante em nosso país.

Os filósofos não são inúteis. Pensar não é inútil. Nem todo o professor de filosofia é um filósofo, e nem todo o pensador é um filósofo, mas todo filósofo é um pensador.

Pensar é algo que não nos limita em nossas limitações corpóreas, físicas, espaciais. Podem nos amarrar, nos torturar, nos ameaçar, e ainda assim ninguém nos arranca nós de nós mesmos. A não ser que a gente queira. Como muitos, que não tem opinião própria, ou que a vendem, ou que a usam para "ganhar" algo. A força do pensamento é tão poderosa que pode ser usada para o bem e para o mal, e até mesmo não ser usada. Porque pensar dói. Significa enxergar um palmo diante do nariz.

Para quem quiser refletir um pouco sobre a importância de ter um pensamento próprio em um mundo de consumo, eu recomendo o filme "A classe operária vai ao paraíso", clássico do cinema italiano dirigido por Elio Petri. E, de quebra, contemplar a música do inigualável Enio Morricone. Dia 18/06, 18h30, o filme será exibido na Faced/Ufrgs, em um ciclo maravilhoso coordenado pelo professor Luiz Carlos Bombassaro. A entrada é franca.

É só olhar. E pensar.
Fiquem bem!

Um comentário:

  1. Eu perdiiiii essa exibição!!! Não acreditoooo!!! Comeh que tu não me avisou por e-mail?!?!?! Ohhhhh, céééééussss!!!!!

    E pensar... Bom... Dói mesmo... Vai ver é por isso que as pessoas preferem programas não-pensantes, do tipo Domingo Legal, Domingão do Faustão, Ratinho, etc, etc e tal...

    Blééééérgsssss!!!!

    Falta coisa boa na TV! Cruzessss!!!

    ResponderExcluir