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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

sexta-feira, 12 de junho de 2009

As caras-metades, os inabaláveis e os românticos

Queridos e queridas,

O dia dos namorados é tema de diversos filmes. Particularmente, acho essas histórias muito rasas, essas comédias românticas que têm em comum a busca da cara metade. O dia dos namorados tem sido cada vez mais prestigiado pela mídia e pelo comércio, rende anúncios, vendas de flores, chocolates, roupas, perfumes e tudo o que em tese agrade a cara metade. Reza a lenda que nesse dia motéis e restaurantes ficam hiperlotados, com filas bombando e reservas antecipadas. Tem gente que até conseguir lugar na mesa ou na cama já noivou, casou e até separou. A cara metade fica cada vez mais cara, cada vez menos metade.

Filmes como Harry e Sally, feitos um para o outro, e Bridget Jones, mostram que para conseguir a cara metade é preciso lutar muito. Na ficção, por exemplo, a mocinha gordinha é disputada por um playboy sedutor e por um diplomata exemplar.
No dia dos namorados as caras metades podem ver um clássico como Casablanca, juntinhos sob um cobertor, e se emocionarem, felizes e abraçados, exclamando que "Sempre teremos Paris!" As caras metades podem e devem também consumar um beijo de tirar o fôlego, como o de Clark Gable e Vivien Leigh em E o vento levou.

O dia dos namorados, também chamado de dia universal da dor-de-cotovelo, não é dia para rompimentos, discutir a relação, pedir a separação. É um dia sagrado. Reza outra lenda que nesse dia, os sem-cara-metade andam disfarçados, comprando rosas, para fingir que ganharam, olhando vitrines, para fingir que escolherão o presente, vestindo-se impecavelmente, fingindo que estão indo para um lindo encontro. Quem for flagrado sozinho, numa mesa de bar, quem fizer reserva para um em um quarto de hotel, ou quem pedir telentrega para não ser humilhado publicamente em um restaurante, guardará um grande trauma para o resto de sua vida. Se sentirá sem um braço, uma perna, sem a cabeça. Com um buraco no coração.

Tem gente que comemora porque oficializaram esse dia. Nos demais, tudo volta para a pasmaceira. Tem gente que comemora porque realmente tem por quem comemorar. Tem gente que comemora brindando sozinho, e depois telefona para o melhor amigo, que por ser o melhor amigo, vai ouvir pacientemente suas lamentações, mesmo sendo em pleno dia dos namorados.

Tem os inabaláveis. Esses não dão a mínima para a data. São os homens que desdenham as mulheres, são as mulheres que não precisam dos homens, é a geração autosuficiente. Ficam quando querem, com quem querem. Esses tem uma pedreira no coração. Mas vedam, parece que é com Vedacit. Não sei se funciona.

O grande perigo, no dia dos namorados, e em outras datas que inventaram para complicar a vida desta categoria, como Natal e Ano Novo, é para os românticos. Essa é a pior espécie. Em extinção. Ao longo da história sempre foram olhados de lado. No fundo são invejados. Mas ninguém tem coragem de admitir. Ser romântico é ser careta, cafona, demodê, out.

Amar é sublime, mas as pessoas se envergonham de amar. No entanto, choram vendo filmes de amor. Acompanham os conflitos dos personagens, como a saga de Scarlet O'Hara e sua relação de amor e ódio com Rett Butler, e o amor impossível de Rick e Ilsa (Humphrey Bogart e Ingrid Bergman), as caras metades mais perfeitas que já vi no cinema.
Nesta noite úmida, chuvosa e insone, abrirei uma pequena garrafa de vinho, assistirei novamente Casablanca. Não comprei presente, não olhei vitrines, não me dei uma rosa. Não pedi telentrega, nem liguei para o meu melhor amigo. Ele é comprometido, e eu não queria estragar a noite dele. Estou sozinha, mas quando se ama alguém, nunca se está só.

Amem e sonhem!

Um comentário:

  1. Acabei de lembrar da seguinte frase: "o dia até pode ser dos namorados, mas a noite é dos solteiros". Ahahaha, beijos!

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