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Porto Alegre, RS, Brazil
escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Correndo de si mesmo

Queridos e queridas,
Estou exausta, com um pouco de sentimento de culpa e um outro pouco de sentimento de dever cumprido. Culpada porque não tenho conseguido dar conta de algumas coisas para poder dar conta de outras. Deixei meus filhos me esperando, avisei que eu ia me atrasar, daí eles resolveram o meu problema, cancelando nosso programa. Eles tiveram a coragem que eu não tive. Eu queria estar em dois, às vezes em três lugares ao mesmo tempo. Mas se eu tivesse essa chance, certamente desejaria estar em quatro ou quatrocentos.

Não olho mais para a minha palma da mão esquerda. Não voltei ao Centro Espírita. Não joguei mais tarô. Não olho mais meu horóscopo nas dezenas de sites e oráculos e sinastrias e mapas astrais. Não sei ao certo qual é o meu anjo da guarda, orixá, rezo uma vela para cada santo. Sou crente e descrente, estou no céu e no inferno, mais precisamente no limbo. Corro para lá e para cá. Como Forrest Gump (filme de 1994 dirigido por Robert Zemeckis). Corro para avançar, corro para fugir de meus fantasmas, corro para não ser capturada pela minha sombra.

Anoto tudo na agenda, nas folhas avulsas, na ponta de um papel, que obviamente não acho na hora em que preciso. Armazeno na memória e em uma pasta cada nova atividade, para cada novo edital.
Jurei para mim mesma que depois da minha última - agora, melhor dizendo, penúltima - inscrição em um concurso, eu nunca mais iria correr feito louca, gastar o que não tenho, para preencher formulários, tirar fotografias, xerox de documentos que remontam à minha pré-história, autenticar tantos outros que remetem a minha primeira geração de primatas. Jurei também que incomodaria bem menos os meus amigos, aquelas pessoas simplesmente maravilhosas que me quebram galhos e troncos de pau-brasil, fazendo cartas de recomendação, atestados, arte gráfica, telefonemas, orçamentos, passando arquivos para pdf, trocando cartuchos, copiando Dvds, fazendo curriculum lattes, me dando apoio moral, me ouvindo, pacientemente me ouvindo. São meus ombros largos e que me abraçam, mesmo sem saber. São os meus queridos anjos da guarda, a quem não preciso nomear, porque os que aqui lêem, sabem quem são.

Hoje saboreei uma nova correria, uma nova descarga de adrenalina, eu e meu amigo e parceiro de produção Mauro Souza, nos divertimos competindo, observados pela minha amiga e esposa do Mauro, Jacqueline. Lado a lado, cada um em um computador, queríamos ver quem conseguiria fazer primeiro a inscrição de nosso próprio vídeo. Como ele é uma pessoa generosa e iluminada, copiou o vídeo, transferiu para uma pasta onde eu pudesse buscar e fazer o upload. Nesse interim (achei o momento para usar essa palavra) eu corri no teclado que nem no dia em que cheguei na agência de Correios faltando um segundo para fechar as portas. Inscrevi antes dele. Risadas, mas enquanto eu sorria, minha sombra corria atrás de mim para me lembrar de outras correrias, outros vídeos, outros momentos que marcaram muito minha vida. Eu, minha sombra e minhas lembranças. Preciso fazer uma lobotomia.
Amo meus filhos da forma mais linda e mais pura que se pode amar. E porque eles sabem disso, eles me compreendem e entendem as loucuras que se faz quando se luta pelo que e por quem se gosta. Cheguei em casa, com as olheiras no chão, com um jeito desajeitado, mas feliz com mais um vídeo pronto. Eles me aguardavam com um camarão empanado, preparado por eles. Sorriam para mim. Vimos o vídeo juntos.


Então, estou pronta para mais uma correria. Sou maratonista em persistência e idealismo. Hoje foi a última vez. A última vez até o próximo edital.
Bom feriado!

Um comentário:

  1. Ahammmmmmmmmm!!!! A parte do currículo lattes fica por minha conta, hauahauahauahaua... É óbvio que tu podes sempre contar com meus omrbos largos e fortes (hahahahahaha) dessa pessoa de 1m55 que mto te ama!!

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