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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

domingo, 21 de junho de 2009

Por uma vida menos ordinária

Queridos e queridas,

Estou de volta às minhas origens, mas alguma coisa mudou. Quando eu estava caminhando no bairro Glória, na cidade maravilhosa, vi um pequeno santuário em homenagem à Nossa Senhora Aparecida. E eu estava usando uma corrente que tem a sua imagem como pingente. Parei, mentalizei um pedido, uma reza, uma ajuda. Orientai os desorientados, eles não sabem o que fazem. Por um sentido na vida. Por uma vida menos ordinária.
Agora à noite lembrei-me de uma comédia, blargh, romântica, dirigida por Danny Boyle, Por uma vida menos ordinária (1997). A história é interessante, prende a atenção, e o que eu mais gostei neste filme, além da atuação do ator escocês Ewan McGregor, é o roteiro que mostra a intervenção de dois anjos, que não por vontade própria, mas por ordem do criador, precisam aproximar dois jovens, fazê-los se apaixonarem um pelo outro, caso contrário os anjos permanecerão na Terra, um local que está sendo infestado por divorciados.
Se os divórcios ocorrem pela vontade própria e pelo uso do livre arbítrio, como é possível fazer alguém a se apaixonar por um outro alguém? Talvez somente via intervenção divina. Mas no filme tudo é possível, e quem quiser saber como a história termina, eu recomendo que o assista.


Lembrei-me desta história porque todos nós passamos por situações de xeque-mate, ficamos em encruzilhadas, enroscamo-nos em situações ora complexas, ora tresloucadas, por conta de sentimentos, escolhas, ações e reações. No filme, há um tempo para começar a desenvolver o problema, e um tempo para terminar, seja com o happy end, seja com o sisudo the end. O filme termina, não necessariamente a história. Na vida real, não há filme, mas situações concretas que precisam de soluções concretas. O personagem interpretado por McGregor é um faxineiro que aspira ser um escritor. Na vida real, um faxineiro pode aspirar, e pode ser um escritor. Ficção e realidade às vezes passam por uma linha tênue, muito tênue de distanciamento. Mas no plano da realidade, às vezes não se vislumbra uma saída, uma resposta, uma solução. Aí sim, a vantagem do roteirista é inigualável. Ele faz nascer, faz morrer. Ele traz anjos para a terra. Ele leva vivos para o céu e os traz de volta no elevador. Ele viaja na maionese, pira na canequinha, e se fizer isso tudo com talento e técnica, terá criado uma nova história, original e talvez uma nova obra-prima do cinema.
Mas o que queremos mesmo é transformar a nossa vida em uma obra-prima. Amar ou não amar, ir ou não ir, mudar ou não mudar, casar ou separar, ficar ou não ficar, decidir ou não decidir, querer ou não querer... e assim vai. Se temos os anjos e a proteção divina, eu não sei. Acreditar que sim torna as pessoas menos angustiadas, mais esperançosas. O fato é que o cineasta inglês Danny Boyle, responsável por outros ótimos filmes como Trainspotting, A praia, e Cova Rasa (sem falar no oscarizado Slumdog Millionaire), tem uma veia arguta e ao mesmo tempo sarcástica de ver e transpor a realidade para a tela do cinema.
Eu tenho esta veia arguta e sarcástica ao ver e escrever filmes. Essa mesma argúcia e esse mesmo sarcasmo, quando lidam com a vida real, tem se mostrado um desastre. Eu quero, eu preciso, eu mereço, uma vida menos ordinária. Por via das dúvidas, uso o pingente, pedindo proteção. Por via das dúvidas, continuo reescrevendo minha própria história, na busca de um happy end. Mas, por via das dúvidas, estou pensando em sair de minhas origens. Quero ir morar no Rio de Janeiro.
Beijos!

3 comentários:

  1. Morar no Rio torna a vida menos ordinária? Duvido. Até porque não existe vida ordinária. Existe vida.
    Agora, as mudanças podem ser positivas, ainda mais quando estamos insatisfeitos.
    A mudança mais importante, porém, se faz de dentro pra fora.

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  2. Meio que continuando o que o Ilgo disse, o problema é que a gente tá com a gente mesmo, o tempo todo... Para onde se vai, se carrega toda a nossa carga, seja ela leve ou pesada... e tudo o mais que vai dentro das nossas cabeças, tão cheias de pensamentos, o tempo todo! Nem dormindo se tem folga: os sonhos ou pesadelos são sempre produto dessa fábrica fervilhante de pensamentos. Mas aí é que está:
    o pensamento e a possibilidade de exteriorizá-lo é que nos salva. Já pensou pensar, pensar, pensar e não ter nunca com quem repartir ou não pensar e nem ter noção de nada?

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  3. Acho que não há mto o que dizer, teus amigos aí de cima já falaram tudo o que eu poderia pensar. Assino embaixo.

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