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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Um satélite orbitando no tutano da vida

Queridos e queridas,

Quando estive no Planetário da UFRGS, em maio deste ano, fiquei simplesmente encantada ao ver a beleza e a imensidão do Universo que nos abraça. Estrelas, planetas, o sol, a lua, e a Terra, ah, a Terra. A única certeza que temos de vida humana. É engraçado que volta e meia vem a dúvida de saber se existem outras formas de vida que não as humanas. Fala-se em extraterrestres, seres bizarros, monstros. Tantos filmes de ficção científica se esmeram, uns mais, uns menos, em usar da imaginação e de efeitos para mostrar como seriam esses não terráqueos.

Mas o que realmente me preocupa não é o Apocalipse, mas o Apocalipse now, para me apropriar do nome dado ao brilhante filme de Francis Ford Coppola, de 1979. Os terráqueos humanos estão se desumanizando. Imagino um filme no século 21 assim, com a desintegração do planeta Terra, como um balão estourando no ar, pela pressão que os des-umanos exercem sobre o planeta. Não cuidam da natureza, não são solidários, poluem, consomem muitas futilidades, não reciclam, não cuidam de si e do próximo.

Um filósofo, poeta e ensaísta "muito louco", Henry David Thoreau, foi assim considerado por alguns porque ele era a favor da desobediência civil. Ferrenho crítico do capitalismo e da sociedade de consumo, Thoreau chegou a deixar de pagar impostos em sua terra natal, nos Estados Unidos (!!!) e por esse motivo foi preso. E nessa noite na prisão escreveu sobre a Desobediência Civil, eu diria que um livro de cabeceira para cabeças como Gandhi e Martin Luther King. Thoreau, para ser coerente com seus pensamentos, foi dar aulas junto à natureza, foi morar na floresta, foi desvestir-se de tudo o que representasse uma vida consumista, materialista, fútil e inútil. Plantou suas batatas e cozinhou o seu pão. Durante os dois anos em que assim viveu, escreveu o livro "Walden, ou a vida nos bosques". Walden era o nome do lago que ficava no bosque onde Thoreau morava. Nas palavras dele: “Fui para os bosques viver de livre vontade, Para sugar todo o tutano da vida…Para aniquilar tudo o que não era vida, E para, quando morrer, não descobrir que não vivi!”

Da vida real para o cinema, o ator e diretor Sean Penn inspirou-se para realizar uma pequena obra-prima, "Into the wild" (2007), ou Na natureza selvagem. Emile Hirsch interpreta Christopher McCandless, um jovem que deixou para trás sua vida burguesa, que literalmente queimou dinheiro em busca de uma vida livre. Ele era um homem que queria ficar longe do homem para humanizar-se. Foi buscar na natureza selvagem, foi em direção ao Alasca, para afastar-se dos símbolos do materialismo e buscar uma aventura, uma resistência, uma purificação.
Esta história, baseada no livro de Jon Krakauer, recebeu vários prêmios, como o Gotham Awards de melhor filme, e prêmio do público como melhor longa estrangeiro de ficção na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Sean Penn foi premiado como melhor diretor no Palm Springs International Festival e no Rome International Film Festival. Emile Hirsch recebeu prêmios de melhor ator no Mill Valley Festival, National Board Review, e no Rising Star Award Actor. E a música Guaranteed, da minha alma gêmea, Eddie Vedder, foi escolhida a melhor canção no 65º Globo de Ouro.

A notoriedade desta pequena obra-prima acontece pela tentativa de alguém em ousar ser diferente. Acreditar que as coisas podem ser diferentes, e melhores. Agir de forma diferente, sem se preocupar com o que os outros pensam. Queimar dinheiro é loucura? E é menos insano viver apenas por causa dele? Viver no bosque ou ir para o Alasca é coisa de louco? E é menos louco viver asfixiado na poluição e na violência das grandes metrópoles que a cada dia se engolem mais um pouco? Viver de verdade é como diz o poeta Eddie Vedder: "Considere-me um satélite, sempre orbitando... eu conheço todas as regras, mas elas não me conhecem."
Baci!!
Guaranteed
Eddie Vedder

On bended knee is no way to be free Lifting up an empty cup, I ask silently All my destinations will accept the one that's me So I can breathe... Circles they grow and they swallow people whole Half their lives they say goodnight to wives they'll never know A mind full of questions, and a teacher in my soul And so it goes... Don't come closer or I'll have to go Holding me like gravity are places that pull If ever there was someone to keep me at home It would be you... Everyone I come across, in cages they bought They think of me and my wandering, but I'm never what they thought I've got my indignation, but I'm pure in all my thoughts I'm alive... Wind in my hair, I feel part of everywhere Underneath my being is a road that disappeared Late at night I hear the trees, they're singing with the dead Overhead... Leave it to me as I find a way to be Consider me a satellite, forever orbiting I knew all the rules, but the rules did not know me Guaranteed.

Com certeza
De joelhos não é maneira de ser livre Levantando um copo vazio, pergunto silenciosamente Todos meus destinos aceitarão aquele que sou eu Para que eu possa respirar...
Círculos que crescem e engolem pressoas inteiras Metade de suas vidas dizem boa noite para esposas que nunca irão conhecer
Uma mente cheia de perguntas, e um professor em minha alma.
E assim vai...Não se aproxime ou terei que ir Segurando-me como a gravidade são lugares que puxam Se alguma vez houve alguém que me manteve em casa Seria você...
Todos que encontro, em gaiolas que compraram. Eles pensam de mim e meus vacilos, mas nunca sou quem eles pensaram Eu tenho a minhas indignações, mas sou puro em todos os meus pensamentos. Eu estou vivo...Vento em meus cabelos, me sinto parte de todos os lugares.
Sob meu ser está um caminho que desapareceu. Tarde da noite eu ouço as árvores, elas estão cantando com os mortos Sobrecarga...Deixe comigo enquanto encontro uma maneira de ser. Considere-me um satélite, sempre orbitando. Eu conheço todas as regras, mas as regras não me conhecem.
Com certeza...

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