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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O sol no quadro

Queridos e queridas,

O diretor franco-polonês Roman Polanski está vendo o sol nascer quadrado. Ele foi preso na Suíça, logo ao desembarcar naquele país onde iria receber uma homenagem pelo conjunto de sua obra, no Festival de Cinema de Zurique. O motivo da detenção, é a acusação que o diretor sofre por parte dos Estados Unidos, de ter tido relações sexuais com uma menina que em 1977 tinha 13 anos. Os EUA querem a extradição de Polanski. E Polanski, hoje com 76 anos, está determinado a se defender. Apesar de ser um mandado de prisão internacional, fica evidente a armadilha feita ao veterano e controverso cineasta, que inclusive não foi receber seu Oscar de Melhor Diretor em 2002, pelo filme O Pianista, por não poder pisar em solo americano. A Promotoria de Los Angeles vai enviar o pedido de extradição às autoridades diplomáticas, do governo e da Justiça para reaver o passe de Polanski. Coisa de cinema?

Para muitos amigos de Polanski, essa atitude soa como uma armadilha policial, ou ainda, nas palavras de Andrzej Wajda, uma ameaça de linchamento judicial. Uma petição foi assinada por vários artistas e cineastas, como Costa-Gavras, Wong Kar-Wai, Walter Salles, Ettore Scola, Giuseppe Tornatore, Monica Bellucci, Fanny Ardant, Pierre Jolivet, Bertrand Tavernier, entre outros. Para a Associação de Roteiristas e Diretores de Cinema da Suiça, esse país pode sofrer um grande abalo, se for conivente com essa armação, por eles chamada de escândalo jurídico.

Embora a Justiça Americana alegue agir dentro da legalidade do que prevê um tratado internacional, o que mais causa estranheza é que o motivo - a adolescente de 13 anos com quem o cineasta teve uma relação há mais de trinta anos - pediu o fim do caso.
Cinema e direitos humanos, direitos humanos no cinema. Enquanto os próximos dias revelarão uma quebra de braço entre os operadores da Justiça americana e os defensores de Polanski, uma coisa fica certa, clara e transparente: uma história mal resolvida é como um filme que parou de ser rodado, ficou incompleto, para decepção daquele que o criou. O filme pode ficar lá em um canto, uma fita, um HD. Pode ficar ignorado, mas não esquecido. O que foi feito, foi feito.

Uma história mal resolvida é algo que pode até dar um certo ar de complexidade, de dramaticidade a quem a vive, como é o caso de Polanski. Mas é algo que lhe tira a paz de espírito, que transforma sua vida em algo controverso. O genial diretor de filmes como Armadilha do Destino (1966), Dança com Vampiros (1967), O bebê de Rosemary (1968), Chinatown (1974), O Inquilino (1976), e o oscarizado O Pianista (2002) é autor de mais de 40 longa-metragens. Ator, produtor e diretor, imprimiu sua marca autoral que o transformou em um dos mais respeitáveis nomes do cinema, e igualmente uma história de vida das mais atribuladas. Eu particulamente acho genial o filme Repulsa ao Sexo (1965), no qual Catherine Deneuve, a maravilhosa atriz de A Bela da Tarde, já realizava nesse filme a interpretação magistral de uma louca assassina, em um filme de terror com uma profundidade psicológica que nos remete aos maravilhosos filmes de Alfred Hitchcock.
Roman Polanski, como seus filmes, e esse em particular, é um homem que pode causar repulsa, por ele ser quem é e como é. Perturbador, como seus filmes.
Boa noite!

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