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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

terça-feira, 19 de maio de 2009

The good, the better and the best


Queridos e queridas,


Quando eu soube que Lars Von Trier declarou ser o melhor diretor do mundo, a primeira coisa que eu pensei foi, mas como ele pode afirmar uma coisa dessas? Porque se há o melhor, ele só há em comparação com o pior, e tudo o que se concluir é com base em... comparações e adjetivações. Esse é o melhor isso, aquele é o melhor aquilo, e forma-se um exército dos melhores. Uma perguntinha, só: no que isso tudo melhora mesmo alguma coisa? O mundo está ficando melhor? As pessoas são pessoas melhores? Comparar é humano, adjetivar, qualificar também é, mas por mais que alguém se ache melhor no que faz, não significa que ele seja melhor. Ele pensa que é. Ou, outros pensam que ele é. Ou, constrói-se uma imagem e a partir dessa construção imaginam que há uns melhores que outros. Como as super-potências, as raças superiores, os arranha-céus, o primeiro mundo, os do primeiro escalão, as celebridades, as divindades... e do outro lado, a reles ralé. De que lado você está? A que tribo você pertence? Você está do lado certo do muro, ou ousa tentar cruzar a linha imaginária para o outro lado? Quando Dr. Hannibal Lecter referia-se à personagem de Jodie Foster como uma caipira, ele fulminou com seus frios olhos azuis o inconsciente de uma persona que pretendia subir na vida pelo estudo, pelo mérito, pela inteligência, pela astúcia. Mas, afinal, uma vez caipira, sempre caipira.

Quando Lars Von Trier acrescentou que outros diretores também pensam ser os melhores, e que ele não está certo de que é, mas sente que é, eu percebi que o que ele quer dizer é que todos devem procurar dar o melhor de si, e não o pior. Os melhores diretores, os melhores filmes, as melhores histórias.

Mas eu ainda acho que há algo muito narcisista, uma fogueira das vaidades nessa humilde constatação de dar o melhor de si. Ser melhor diretor e dizer isso, ser reconhecido e premiado por isso, é uma coisa. Mas alguém lembra de quem é o melhor lixeiro do bairro, o melhor limpador de fossas ou a melhor parteira da periferia? O melhor da elite é sempre melhor do que o melhor da não-elite. Então, até que ponto ser melhor é melhor mesmo???
beijos meus pra vocês



Um comentário:

  1. A minha opinião é de que tudo é relativo. O que é o melhor para um pode não ser para o outro, e assim por diante. E afinal de contas, o que é ser O MELHOR?! Penso que é possível a gente fazer algo melhor em comparação à algo que a gnt fez anteriormente, porém, a maioria das pessoas (uns 99% da população mundial) tendem a dizer que fulano é o MELHOR, que a beltrana é a MELHOR, etc, etc, etc. Continuo achando que tudo é relativo, e que sim, muitos têm a tendência narcisista de considerarem-se O MELHOR, seja no que for...

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