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escrevo a dor e o prazer de viver vivo para escapar da morte morro e acordo cada vez mais forte

domingo, 24 de maio de 2009

A pergunta feminina

Queridos e queridas,

O 62º Festival de Cannes terminou, e a Palma de Ouro foi para o filme Das Weisse Band, do cineasta Michael Haneke. Nascido na Alemanha e criado na Áustria, Haneke dirigiu filmes como Caché, O Sétimo Continente e A Professora de Piano. Haneke é um poeta do cinema contemporâneo. Contundente. Surpreendente. Surpreendeu-me hoje ao ler sua manifestação, quando ele soube que era o vencedor: "Às vezes, a minha mulher põe-me uma pergunta muito feminina: és feliz? É-me sempre muito difícil responder-lhe. Mas hoje, este é um momento da minha vida em que posso dizer que sou muito feliz".
Por que seria essa uma pergunta feminina? Haverá perguntas masculinas e perguntas femininas? Ou, indo direto ao ponto: em pleno século Vinte e Um, ainda podemos dividir as perguntas, respostas, visões, palpites, teorias, etc., como sendo ou masculinas ou femininas?

Platão e Aristóteles já teorizavam há séculos sobre o que é a felicidade. Pode se conceber como utópica na República de Platão, a idealização da felicidade é algo sempre desejável mas igualmente irrealizável para o homem concreto, que vive no mundo real, com contas a pagar, filhos para cuidar e livros, cds e dvds para comprar (ok, agora exagerei...).
A felicidade não está no dever ser, mas no ser, como preconiza o realismo aristotélico. Mas como equilibrar a relação entre o "ter" (os bens externos e materiais) com o "ser" (a virtude e a ética)? Os filósofos convergiram para a necessidade de haver a justa medida e uma hierarquia de bens e valores morais.

A felicidade é um tema caro aos filósofos ocidentais, e mais ainda para os orientais, que vislumbram o desapego como a forma mais altruísta para alcançar a verdadeira felicidade. Como muito belamente mostra o cineasta tcheco Bohdan Sláma, no filme Algo como a felicidade (2005), vencer na vida não significa ser feliz.
Confesso que não sei o que é mais difícil: decifrar uma escala de valores de modo que a felicidade de um não cause a infelicidade do outro; habitar um planeta onde os bens materiais não tenham valor algum para tornar alguém feliz; ou entender a pergunta besta de um cineasta genial como Haneke.

Felicidades!




Um comentário:

  1. Não acredito que eu fiz um comentário ENORME e deu ERRO nessa PORCARIA de página!

    ODEIO QUANDO ISSO ACONTECE!!!! HELL!!!!!!!!

    Sintetizando o que eu havia escrito: a pergunta é feminina, eu desconhecia esse diretor, a pergunta dele foi ignorante e a felicidade é um estado de espírito que depende da harmonia entre as nossas vontades materiais e sentimentos em relação às nossas percepções.

    Fui!

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